Bitcoin retesta US$ 90 mil em meio a especulações sobre reserva cripto de Trump

      Por André Schmidt, chefe de redação.

Bitcoin Retesta US$ 90 Mil em Meio a Especulações sobre Reserva Cripto de Trump

O mercado de criptomoedas voltou a ficar agitado nesta semana, com o Bitcoin (BTC) alcançando novamente a marca de US$ 90 mil. O movimento ocorre em um contexto de especulações intensas sobre os planos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para criar uma reserva estratégica de criptoativos. Desde que Trump anunciou, em 2 de março de 2025, via Truth Social, a intenção de incluir Bitcoin, Ethereum (ETH), XRP, Solana (SOL) e Cardano (ADA) em uma reserva nacional, os investidores têm reagido com entusiasmo, mas também com cautela. Neste artigo, exploramos o impacto desse anúncio no mercado, as implicações econômicas e o que isso pode significar para o futuro das criptomoedas.

O Anúncio de Trump e a Reação Imediata do Mercado

No último domingo, Donald Trump surpreendeu o mundo financeiro ao revelar que uma de suas ordens executivas, emitida em janeiro, instruiu um grupo de trabalho presidencial a avançar na criação de uma Reserva Estratégica de Criptoativos. Em duas postagens na rede Truth Social, ele detalhou que a reserva incluiria inicialmente XRP, Solana e Cardano, complementando-os posteriormente com Bitcoin e Ethereum, descritos como o “coração” do plano. A promessa de posicionar os EUA como a “capital mundial das criptomoedas” impulsionou uma alta imediata no mercado.

O Bitcoin, que vinha enfrentando uma queda acentuada desde fevereiro, subiu cerca de 8% em poucas horas, ultrapassando os US$ 90 mil (aproximadamente R$ 528 mil). Outras criptomoedas citadas por Trump também registraram ganhos expressivos: o XRP valorizou-se quase 30%, Solana subiu 20% e Cardano chegou a disparar mais de 60% antes de estabilizar em uma alta de 40%. Esses números refletem o otimismo dos investidores, mas também a volatilidade característica do setor.

Contexto da Reserva Estratégica: Uma Mudança de Paradigma?

A ideia de uma reserva estratégica de criptomoedas não é inédita, mas sua adoção por uma potência como os Estados Unidos representa um marco potencial. Durante sua campanha em 2024, Trump já havia sinalizado apoio ao setor cripto, uma guinada em relação às críticas que fez em 2019, quando chamou o Bitcoin de “altamente volátil e baseado no ar”. A mudança de postura parece alinhada a uma estratégia econômica mais ampla, que visa fortalecer a posição dos EUA em um mercado global de ativos digitais em rápida expansão.

Analistas sugerem que a reserva poderia ser estruturada por meio do Fundo de Estabilização Cambial do Departamento do Tesouro, utilizando criptomoedas apreendidas em operações policiais — os EUA já possuem cerca de 200 mil BTC, avaliados em mais de US$ 18 bilhões. Outra possibilidade é a compra gradual de ativos no mercado aberto, o que poderia gerar uma pressão compradora significativa, elevando ainda mais os preços.

Implicações Econômicas e Geopolíticas

A criação de uma reserva cripto americana pode ter efeitos profundos. Primeiro, legitimaria o Bitcoin e outras criptomoedas como ativos de reserva de valor, equiparáveis ao ouro ou ao dólar. Isso poderia atrair investidores institucionais em massa e incentivar outros países a seguirem o exemplo, desencadeando uma “corrida cripto” global. Por outro lado, críticos apontam riscos, como a exposição do governo a um mercado notoriamente volátil e vulnerável a ataques cibernéticos.

Geopoliticamente, a medida reforçaria a liderança dos EUA em um setor que a China e outras nações já exploram. O presidente russo, Vladimir Putin, recentemente defendeu o Bitcoin como uma alternativa ao dólar, sugerindo que ninguém pode bani-lo. Se os EUA consolidarem uma reserva significativa, poderiam neutralizar tentativas de concorrentes de minar a hegemonia do dólar usando criptoativos.

O Futuro do Bitcoin e das Criptomoedas

Com o Bitcoin retestando os US$ 90 mil, o mercado parece estar em um momento de definição. A euforia inicial após o anúncio de Trump foi temperada por incertezas sobre a implementação da reserva — detalhes como volume, cronograma e regulamentação ainda são vagos. Além disso, eventos recentes, como o hack da exchange Bybit e a queda de memecoins associados a Trump e outras figuras públicas, lembram os investidores dos riscos inerentes ao setor.

Analistas estão divididos. Alguns preveem que, com políticas favoráveis, o Bitcoin pode romper os US$ 100 mil novamente até o final de 2025, enquanto outros alertam para uma correção se as expectativas não se concretizarem. O que é certo é que a postura pró-cripto de Trump colocou os ativos digitais no centro do debate econômico, e os próximos passos de seu governo serão decisivos.

Conclusão

O reteste do Bitcoin aos US$ 90 mil reflete o poder das palavras de Donald Trump no mercado cripto, mas também expõe a fragilidade de um setor movido a especulação. A proposta de uma reserva estratégica de criptomoedas é ambiciosa e, se concretizada, pode redefinir o papel dos ativos digitais na economia global. Para investidores e entusiastas, o momento é de otimismo cauteloso: enquanto o potencial de valorização é evidente, a volatilidade e as incertezas regulatórias continuam sendo fatores críticos. Resta aguardar a Cúpula sobre Criptomoedas na Casa Branca, marcada para 7 de março, para entender como esse plano tomará forma — e como o mercado reagirá.